Ter uma taxa de filtração glomerular normal significa que seus rins estão funcionando de maneira adequada. Por outro lado, apresentar uma TFG (sigla como é conhecida) baixa sinaliza a presença de alterações renais, as quais precisam ser diagnosticadas e tratadas adequadamente.
Neste artigo, explicamos o que a referida taxa significa e como é medida. Para saber mais a respeito, continue a leitura!
O que a taxa de filtração glomerular normal representa?
Existem diversas formas de avaliar a função renal. Dentre as possibilidades, a taxa de filtração glomerular é aprova laboratorial mais utilizada.
Tal preferência é explicada pelo fato da TFG ser o parâmetro que apresenta maior correlação com desfechos clínicos. Afinal, quando a função excretora diminui, as demais funções renais também declinam.
Assim, apresentar a taxa de filtração glomerular normal significa que os rins estão funcionando bem, como deveriam. O valor desejável, para indivíduos jovens e adultos, é 90 a 120 mL/min/1,73 m². Valores inferiores a este sugerem a presença de alguma disfunção renal, cujo diagnóstico preciso depende da realização de exames complementares (de imagem e de urina).
Quais são os parâmetros de TFG para pessoas com DRC?
De acordo com o Ministério da Saúde, considera-se como portador de doença renal crônica qualquer pessoa que, independentemente da causa, apresente TFG <60ml/min/1,73m² por, pelo menos, três meses consecutivos. Dessa maneira, um paciente com DRC pode apresentar os seguintes parâmetros:
- taxa de filtração glomerular normal (ou próxima do normal),mas com evidência de dano renal ou alteração, detectada em exame de imagem;
- taxa de filtração glomerular alterada, abaixo de 60ml/min/1,73m².
Porém, vale lembrar que, com o envelhecimento, a TFG tende a apresentar uma redução modesta e persistente. Em idosos, muitas vezes, o valor da taxa de filtração glomerular normal fica em torno de 45 a 59 ml/min/1,73 m².
De que maneira a TFG é estimada?
Para calcular a TFG, diante da suspeita de déficit da função renal, utilizam-se as taxas de marcadores endógenos indiretos, os quais estão presentes no sangue. Entre esses, destaca-se a dosagem de creatinina sérica, cujos valores de referência variam conforme o sexo, a quantidade de massa muscular, dieta e outras especificidades.
Também conhecida como depuração ou clearence de creatinina, ela é considerada o marcador de mudanças na função renal mais específico. Para tanto, recomenda-se o uso de um kit específico, com calibração rastreável em padrões internacionais — o qual está disponível em laboratórios de referência. Com isso, a estimativa da TFG com base na dosagem de creatinina se torna mais assertiva, refletindo o conjunto das funções renais com mais precisão.
Por outro lado, se as referidas recomendações não forem seguidas, o valor da TFG acaba sendo alterado. Tais erros prejudicam o julgamento clínico subsequente, levando a diagnósticos incorretos, administração inadequada de medicações, referenciamento tardio ao nefrologista, entre outros problemas.
Existem outros parâmetros usados no cálculo da TFG?
Sim, existem outras possibilidades, ainda que sejam menos frequentes do que a creatinina sérica. Um dos parâmetros empregados no cálculo da TFG é a dosagem de cistatina C, principalmente, para indivíduos com quantidade de massa muscular superior à da média para a respectiva faixa etária e sexo.
Há, também, a dosagem de beta 2-microglobulina sérica. Neste caso, a concentração sérica independe da quantidade de massa muscular e do gênero, entretanto, é influenciada por algumas doenças.
Além desses, considera-se como padrão-ouro para avaliação da TFG a taxa de depuração de inulina. Mas, considerando a dificuldade para a realização do exame, por ser uma substância exógena, ela não é tida como viável para a prática diária.
Por que é importante conhecer a TFG?
Conhecer a TFG é fundamental para diagnosticar e estruturar o tratamento das doenças renais, sejam elas agudas ou crônicas. Assim, após confirmar o diagnóstico, os pacientes renais são classificados da seguinte forma:
- estágio 1, com < TFG 90mL/min/1,73m², na presença de hematúria, proteinúria e/ou alterações no exame de imagem;
- estágio 2, com TFG 60 a 89mL/min/1,73m²;
- estágio 3a, com TFG 45 a 59mL/min/1,73m²;
- estágio 3b, com TFG 30 a 44mL/min/1,73m²;
- estágio 4, com TFG 15 a 29mL/min/1,73m²;
- estágio 5-ND (não dialítico),com TFG < 15mL/min/1,73m²;
- estágio 5-D (dialítico),com TFG < 15mL/min/1,73m².
Em relação aos tratamentos, para pacientes renais em estágios 1 a 3, indica-se a abordagem conservadora. Para aqueles em estágios 4 e 5-ND, indica-se o tratamento pré-dialítico. E, para aqueles em estágio 5-D, indica-se o tratamento dialítico, ou seja, o suporte renal artificial (SRA) — mais conhecido como terapia renal substitutiva.
Por fim, é importante lembrar que a taxa de filtração glomerular normal é mais do que um indicador de bom funcionamento da função renal. Ela também tem relação direta com o risco de mortalidade por doenças cardiovasculares e mortalidade global.
Caso tenha dúvidas a respeito, entre em contato. A equipe da Clinirim, localizada em Florianópolis (SC),está sempre à disposição!